- Não! Perdi o meu lápis outra
vez - dizia Carlos indignado por ser já o quinto lápis que perdera só este mês.
Carlos era um menino de 11 anos cuja
sua alcunha era “o perdedor”, mas não era perdedor no sentido de ser derrotado,
não, era no sentido de perder tudo, quer dizer, não era tudo pois por mais que
pareça estranho Carlos só perdia o material da escola, borrachas, canetas,
lápis …
Dona Olga, mãe de Carlos já
estava farta, pois a despesa do material ia ficando cada vez maior. Até que um
dia ao jantar, Carlos vem com a conversa habitual do que tinha perdido e a mãe
chateada diz:
- Carlos Pereira da Silva, não me
venhas com desculpas, olha que o chão não tem buracos meu menino, e se não
ganhas mais responsabilidade nem sei o que te faço. Um momento de silêncio
evadiu-se na cozinha, mas não durou pois Dona Olga muito decidida diz: “Já sei,
está decidido, a partir de hoje nem eu nem o teu pai gasta mais dinheiro a
comprar o teu material durante o ano!
Pai de Carlos não se quis intervir,
pois não se queria meter em confusões,
e Carlos sai da cozinha depois de comer, dirige-se para o quarto e vai ver o
seu mealheiro. Carlos não era considerado um menino poupado, e a quantidade de
dinheiro que Carlos tinha no mealheiro nem dava para comprar material durante
um mês.
-É hora de dormir Carlos, vai
imediatamente para a cama e hoje estás de castigo não há beijinhos de boa
noite! – Disse Dona Olga pensando que estava a dar o maior castigo do mundo a
Carlos.
Carlos até ficou feliz pois achava
que a mãe lhe ir dar um beijinho de boa noite já não era para idade dele, deu
voltas e reviravoltas dentro da cama a pensar como conseguiria arranjar
dinheiro, mas não conseguiu encontrar nada. Depois de algum tempo pensar chegou
à conclusão de que iria procurar dentro da sala algum lugar onde os lápis se
tivessem escondido, já tinha tudo planeado.
De manhã quando acordou
preparou-se como era habitual e entrou dentro do carro para ir para a escola, a
meio do caminho vira-se para o pai e diz: “Pai hoje podes-me ir buscar mais
tarde é que tenho de fazer um trabalho para a escola como meu amigo Rui?” era
tudo mentira. O pai não fez nenhuma pergunta limitando-se a dizer que sim.
Acabadas as aulas Carlos
escondeu-se atrás da mesa da professora, e a professora não dando por ninguém
dentro da sala, fecha a porta, estava tudo a correr bem. Carlos procura por
baixo de todas as mesas pensando ele, que podia ser uma piada de mau gosto, mas
não, esse não era o caso, arrastou móveis da sala mas não descobriu nada, porém
ainda havia esperança, sobrara uma prateleira antiga que não tinha muito uso,
mas mesmo assim Carlos arrastou-a e, ao que ele descobriu, estava uma porta
atrás da prateleira, mas, não era uma porta qualquer era mais pequena que o
normal e, a maçaneta era feita de borracha, era uma porta invulgar mas não
impossível passar.
Carlos não hesitou, pois a sua
curiosidade era enorme. Lá dentro havia uma imensidão de gavetas cheias de
material perdido, e, maior parte era de Carlos, chega-se à beira dele um ser
estranho, olhos grandes como uma coruja, roupa tão colorida como um arco-íris e
uma boca muito longa.
-Quem és tu? O que fazes aqui? –
Disse o ser com um ar rabugento.
- Olha, eu sou o Carlos e venho
buscar o que vocês me tiraram. E tu, quem és?
- Eu chamo-me lápis de cor da
terra Material sem autorização, e tu daqui não tiras nada, mas pensando bem…
Bem o lápis de cor não era assim
tão simpático como aparentava ser, pelo contrário era bem rabugento.
-Vá lá continua, eu não tenho
todo o tempo do mundo! -disse Carlos apressado
-Como eu estava a dizer, diz a
tradição que um menino só pode levar as suas coisas se vencer ao Grande Escritor
deste mundo, e se vencer nós já não lhe podemos tirar nada, nunca, mais -Disse
lápis de cor.
-Tudo bem e pode ser já agora.
E assim foi, Carlos não estava
muito preocupado pois em textos ela era ótimo, e o segredo dele era fazer o que
a professora está sempre a dizer, as planificações. Estava tudo a correr bem,
não havia tema de texto e, o adversário dele dava para notar que estava um
pouco atrapalhado, até que se houve:
- Acabou o tempo!
Todos os habitantes votaram, e
Carlos estava um pouco preocupado pois não acreditava que ninguém ia votar nele,
pois mesmo que fosse o melhor todos defendem os seus. Chegou a hora do
resultado, estavam todos curiosos até que uma voz anuncia:
-O vencedor do concurso é nem
menos nem mais que… Carlos.
Todos aplaudiram, e como
prometido Carlos ficou com as suas coisas.
No carro ao ir para casa o pai
pergunta:
-Então correu o teu dia?
-Correu bem pai, e descobri as
minhas coisas já agora, mas o melhor de tudo foi vencer o Grande Escritor do
mundo do Material sem autorização com o conselho da professora. – Disse Carlos.
- Boa Filho. – Disse o pai sem
perceber nada do que tinha dito Carlos.
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