terça-feira, 19 de julho de 2016

Uma aventura em que o chão tem buracos


- Não! Perdi o meu lápis outra vez - dizia Carlos indignado por ser já o quinto lápis que perdera só este mês.

Carlos era um menino de 11 anos cuja sua alcunha era “o perdedor”, mas não era perdedor no sentido de ser derrotado, não, era no sentido de perder tudo, quer dizer, não era tudo pois por mais que pareça estranho Carlos só perdia o material da escola, borrachas, canetas, lápis …

Dona Olga, mãe de Carlos já estava farta, pois a despesa do material ia ficando cada vez maior. Até que um dia ao jantar, Carlos vem com a conversa habitual do que tinha perdido e a mãe chateada diz:

- Carlos Pereira da Silva, não me venhas com desculpas, olha que o chão não tem buracos meu menino, e se não ganhas mais responsabilidade nem sei o que te faço. Um momento de silêncio evadiu-se na cozinha, mas não durou pois Dona Olga muito decidida diz: “Já sei, está decidido, a partir de hoje nem eu nem o teu pai gasta mais dinheiro a comprar o teu material durante o ano!

Pai de Carlos não se quis intervir, pois não se queria meter em confusões, e Carlos sai da cozinha depois de comer, dirige-se para o quarto e vai ver o seu mealheiro. Carlos não era considerado um menino poupado, e a quantidade de dinheiro que Carlos tinha no mealheiro nem dava para comprar material durante um mês.

-É hora de dormir Carlos, vai imediatamente para a cama e hoje estás de castigo não há beijinhos de boa noite! – Disse Dona Olga pensando que estava a dar o maior castigo do mundo a Carlos.

Carlos até ficou feliz pois achava que a mãe lhe ir dar um beijinho de boa noite já não era para idade dele, deu voltas e reviravoltas dentro da cama a pensar como conseguiria arranjar dinheiro, mas não conseguiu encontrar nada. Depois de algum tempo pensar chegou à conclusão de que iria procurar dentro da sala algum lugar onde os lápis se tivessem escondido, já tinha tudo planeado.

De manhã quando acordou preparou-se como era habitual e entrou dentro do carro para ir para a escola, a meio do caminho vira-se para o pai e diz: “Pai hoje podes-me ir buscar mais tarde é que tenho de fazer um trabalho para a escola como meu amigo Rui?” era tudo mentira. O pai não fez nenhuma pergunta limitando-se a dizer que sim.

Acabadas as aulas Carlos escondeu-se atrás da mesa da professora, e a professora não dando por ninguém dentro da sala, fecha a porta, estava tudo a correr bem. Carlos procura por baixo de todas as mesas pensando ele, que podia ser uma piada de mau gosto, mas não, esse não era o caso, arrastou móveis da sala mas não descobriu nada, porém ainda havia esperança, sobrara uma prateleira antiga que não tinha muito uso, mas mesmo assim Carlos arrastou-a e, ao que ele descobriu, estava uma porta atrás da prateleira, mas, não era uma porta qualquer era mais pequena que o normal e, a maçaneta era feita de borracha, era uma porta invulgar mas não impossível passar.

Carlos não hesitou, pois a sua curiosidade era enorme. Lá dentro havia uma imensidão de gavetas cheias de material perdido, e, maior parte era de Carlos, chega-se à beira dele um ser estranho, olhos grandes como uma coruja, roupa tão colorida como um arco-íris e uma boca muito longa.                                                                                                                                                                                          

-Quem és tu? O que fazes aqui? – Disse o ser com um ar rabugento.

- Olha, eu sou o Carlos e venho buscar o que vocês me tiraram. E tu, quem és?

- Eu chamo-me lápis de cor da terra Material sem autorização, e tu daqui não tiras nada, mas pensando bem…

Bem o lápis de cor não era assim tão simpático como aparentava ser, pelo contrário era bem rabugento.

-Vá lá continua, eu não tenho todo o tempo do mundo! -disse Carlos apressado

-Como eu estava a dizer, diz a tradição que um menino só pode levar as suas coisas se vencer ao Grande Escritor deste mundo, e se vencer nós já não lhe podemos tirar nada, nunca, mais -Disse lápis de cor.

-Tudo bem e pode ser já agora.

E assim foi, Carlos não estava muito preocupado pois em textos ela era ótimo, e o segredo dele era fazer o que a professora está sempre a dizer, as planificações. Estava tudo a correr bem, não havia tema de texto e, o adversário dele dava para notar que estava um pouco atrapalhado, até que se houve:

- Acabou o tempo!

Todos os habitantes votaram, e Carlos estava um pouco preocupado pois não acreditava que ninguém ia votar nele, pois mesmo que fosse o melhor todos defendem os seus. Chegou a hora do resultado, estavam todos curiosos até que uma voz anuncia:

-O vencedor do concurso é nem menos nem mais que… Carlos.

Todos aplaudiram, e como prometido Carlos ficou com as suas coisas.

No carro ao ir para casa o pai pergunta:

-Então correu o teu dia?

-Correu bem pai, e descobri as minhas coisas já agora, mas o melhor de tudo foi vencer o Grande Escritor do mundo do Material sem autorização com o conselho da professora. – Disse Carlos.

- Boa Filho. – Disse o pai sem perceber nada do que tinha dito Carlos.
 
Rita Santos  6ºA (Trabalho premiado com uma MENÇÃO HONROSA no concurso "Uma Aventura Literária...2016")

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