Já era hora do almoço,
esperava por este momento há semanas dentro do garrafão.
Eu sou uma micropartícula de
água, vivo na gota de água número 36918 com os meus pais, os meus avós e as
minhas imensas irmãs. Hoje é a nossa estreia, pois ainda há algumas semanas
estávamos nós no rio um pouco incomodados com um casal de micropartículas de
poluição que se tinham feito de convidados na nossa gota de água.
Ao termos ido parar à
central das águas da Serra da Estrela, realizaram-se duas coisas magníficas, o
casal de poluição foi expulso de nossa casa e a certeza de que uma grande
aventura estaria para vir.
Então, aqui estou eu, com a
minha família, a ser despejada juntamente com eles para o jarrão da Dona
Amélia, quase a ir para a mesa.
Quando lá cheguei, reparei
logo que já lá estava o pequeno Santiago a fazer as patetices habituais e a sua
pequena irmã, Teté, sempre cúmplice dos seus disparates. Já os conhecia há
alguns dias, mas via-os apenas quando vagueavam pela cozinha à procura de
“alimento para a barriga” como dizia o Santiago.
Quando já toda a gente estava
sentada à mesa, Santiago cheio de sede enche logo o copo com água e bebe como
um sôfrego. E lá fui a descer pelo esófago até chegar ao estômago.
Passado um bom bocado, todos
de mãos dadas para ninguém se perder, descemos até ao intestino delgado, mas
apesar do esforço, uma das minhas irmãs, a fresquinha, pois como o nome indica
era sempre fresca de temperatura e cabeça, perdeu-se.
Lá continuamos para o
intestino grosso onde, de repente fui puxada junto da minha família para um
pequeno túnel designado por capilar. Já lá dentro, íamos todos em filinha, pois
o túnel era tão pequeno que nem lado a lado dava para andar.
De repente, mudamo-nos para
um túnel um pouco maior, uma veia. Comecei a ver uns círculos vermelhos, que me
disseram que se chamavam Glóbulos Vermelhos, uns círculos muito mais pequenos e
amarelos, as Plaquetas e ainda uns Glóbulos Brancos, que me assustaram, pois
pareciam fantasmas.
Decidi então virar, junto de
todos os meus novos amigos no cruzamento à direita, para ir ao coração, onde
apanhei um bocado de turbulência, pois o coração não parava de bater, depois
virei para aorta, uma artéria muito grande, onde íamos todos para o mesmo lado
e aos impulsos.
Como o Santiago estava a
correr e transpirava muito, fui logo evaporada junto da minha família.
Acabei então dentro da
sapatilha do Santiago, com a família toda separada.
Quando o Santiago se
descalçou, como as sapatilhas estavam molhadas a mãe dele pô-las a
secar na varanda.
Acabei por ser evaporada das
sapatilhas e fui parar às nuvens, onde encontramos a nossa irmã e unimos de
novo a nossa família.
Estávamos prontos para uma
nova aventura.
Mariana Sousa 6ºA (Concurso "Uma Aventura Literária...2016")
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