Finalmente depois de um fim-de-semana
de arrumações, os amigos JP, Carlota e Tiago puderam ter uma boa noite de sono.
Estavam orgulhosos de estar a sua própria casa de férias no Algarve.
Apesar da vista para o mar e de uma
segunda-feira com sol, Tiago continuava agarrado ao seu precioso livro de
Matemática.
-Anda
lá Tiago! Quero ir para a praia!-disse João Pedro.
-Só mais esta equação!-respondeu-lhe.
-Ok, mas despacha-te-disse frustrado
JP.
-Hmm, se ainda me faltam 5 equações e eu
demoro em média 1 min. e meio a resolver cada, quanto tempo vou demorar?-pensou
em voz alta Tiago.
Embora só tivesse saído do quarto há
alguns segundos, Carlota já estava a criticar:
-A tua cabeça deve estar com
ferrugem, obviamente vais demorar 7 min. e meio!
-Ora, aqui está a Carlota motivadora
como sempre!-gracejou Tiago.
Depois das equações resolvidas,
chegaram rapidamente à praia e deparam-se com uma situação:
-Fogo, não acredito que me esqueci do
nosso guarda-sol! Nem trouxe o protetor solar!-lamentou-se JP.
-Fogo, não acredito que me esqueci do
livro de matemática-choramingou Tiago.
- Fogo, não acredito que são tão esquecidos-disse
Carlota zangada.
-Tenho uma ideia! Que tal fazermos um
jogo matemático?-sugeriu Tiago.
- NÃO!-gritaram em coro Carlota e JP.
-Vão ver que vão gostar-ripostou
Tiago.
-Que seja-disse JP triste.
Os três pousaram na areia o que levavam consigo e
sentaram-se.
-Olhem à vossa volta. Podem ver há
pessoas na praia com guarda-sol e sem guarda-sol, certo?
-E graças ao JP somos das pessoas sem
guarda-sol-disse Carlota
-Vamos contar os que têm guarda-sol e
os que não têm e depois fazemos uma percentagem!-explicou Tiago.
- Ou seja…?-perguntou JP, que não era
grande aluno a matemática.
Voltou a explicar Tiago:
-A Carlota vê quantas pessoas com
guarda-sol estão na praia e o JP vê quantas pessoas é que não têm.
Passado algum tempo o JP e a Carlota
voltaram com os resultados:
-Encontrei 39 pessoas com guarda-sol-disse
Carlota.
-E eu encontrei 10 ou 11 pessoas, não
sei bem…-disse JP.
-O quê, como 10 ou 11? Tens que dizer
um número ao certo!-gritou Tiago.
-Hmm… espera, lembrei-me são 11-respondeu
JP.
-Ok, então 11+39=50, por
isso como 50 é metade de 100 temos de fazer 11 e 39 vezes 2-calculou Tiago.
-Portanto, 39x2=78 isso quer dizer
que 78% das pessoas da praia têm guarda-sol-disse rapida Carlota.
-Então 11x2=27…-respondeu hesitante
JP.
-Não JP, então se 11x2=22 isso quer
dizer que 22% das pessoas da praia não trouxeram guarda-sol-disse confiante
Tiago.
Depois desta divertida “aventura”
matemática os três amigos ainda tentaram desfrutar da praia um pouco mais, mas
começou a esfriar e a chover.
-Não se preocupem, daqui a pouco para
a chuva-disse Tiago.
Mas não parou. A chuva continuou pela
tarde de segunda-feira, pelos dia de terça, quarta e de quinta.
E, na manhã de sexta…
-Estava a ver que a chuva não parava
e, ainda acho que a culpa foi toda do Tiago-disse, de mau humor a Carlota.
-Eu?! Porquê eu?!-disse Tiago inocente.
-Lembras-te quando disseste que a
chuva ia parar depressa?-acusou Carlota-Ela não parou muito depressa!
-Dizes isso como se fosse culpa
minha!-defendeu-se Tiago.
-Só dás azar…-desabafou Carlota.
Depois de algum confronto, JP
conseguiu pôr água na fervura:
-Acalmem-se, não podemos desperdiçar
um dia como este com discussões da treta-ordenou JP.
Apesar de tudo, lá acabaram por conseguir
ir à praia. Quando lá chegaram, o JP disse:
-Não gostei do pequeno-almoço, vamos
comer algo mais tradicional.
-O que tens em mente?-perguntou Carlota.
-BOLAS DE BERLIM! OLHA AS BOLINHAS!
AINDA ESTÃO FRESQUINHAS!-gritava com força o vendedor.
-Aí tens a tua resposta-troçou JP.
JP e Carlota correm em direção ao vendedor,
com os pedidos em mente.
-Bom dia, quanto custam as bolas de berlim?
-Uma bola de berlim 1€, meia
0.50€-disse o vendedor.
-Então, queremos 2 bolas de berlim e
uma meia bola, por favor-disse o JP.
-Ficam 3€ meninos-respondeu o vendedor.
-Obrigado!-agradeceu JP.
-Ei, espere aí!-gritou Carlota.
-Sim?-perguntou o vendedor
surpreendido.
-Você deve-nos 0,50€ de troco, 1+1+0,50=2,50€
e não os 3€ que pediu – acusou furiosa Carlota.
-Hmm…-resmungou o vendedor enquanto lhe
dava 0,50€ de troco.
-Obrigado-agradeceu JP enquanto
estendia a mão a Carlota.
-De nada-disse esta devolvendo o
dinheiro a JP.
-Só estão aqui 0,20€?-perguntou ele.
-Sim, é a minha recompensa por te ter
salvado do vendedor manhoso-gracejou Carlota.
Entretanto, depois deste incidente
com o vendedor de bolas de berlim, JP e Carlota aproximaram-se de Tiago, para
procurar umas espreguiçadeiras.
-Olha ali estão três espreguiçadeiras
livres!-gritou o Tiago.
Aproximaram-se e começaram a arranjar
as espreguiçadeiras, JP e a Carlota deitaram-se quase no imediato, mas o Tiago não,
estava com algumas dificuldades, entre elas a sua pouca força física.
O Tiago entrou numa luta mano-a-mano com a espreguiçadeira, que
por pouca sorte era a mais velha, decidido a ver quem levava a melhor.
-Não preciso de ser o melhor a
matemática para perceber que tens poucas probabilidades de vencer-disse JP.
E a verdade é que desta vez o JP
acertou as contas, o Tiago ficou entalado na espreguiçadeira e a Carlota teve
de ir dar-lhe uma mãozinha.
Depois de tanto alarido e do confronto
do Tiago com a velha espreguiçadeira, todos puderam relaxar o resto do dia.
No dia seguinte, enquanto passeavam
pela praia e conversavam...
-Tiago, nunca hei de perceber porque
é que estás sempre a fazer contas e mais contas-exclamou JP.
-Eu gosto de matemática porque
exercita o meu cérebro e agiliza os meus reflexos mentais…
-O quê?-perguntou JP, confuso.
-Se me mandarem recitar a tabuada dos
9, quão mais vezes a treinar, melhor a fixo e a percebo…
-Isso é estranho!
-Olha, quando fazes ginástica vais exercitando
o corpo, quando eu faço as minhas contas e raciocínios matemáticos, exercito a
minha mente.
- Ok, se tu o dizes…
E lá foram os três para a praia fora…
-Como aquilo das bolas de berlim não
correu bem, vamos tentar algo diferente-lembrou JP.
-O que tens em mente?
Começou a ouvir-se um som de música
animada. Os três olharam para a direita e viram uma barraquinha de cores
garridas.
-Aí tens a tua resposta-troçou o JP.
Então o JP, Carlota e Tiago
aproximaram-se da barraquinha colorida e perguntaram:
-Olá, o que se vende?
-Meus queridos, eu tenho gelados e gomas-respondeu
uma velhinha adorável.
-Quanto custam as gomas?-perguntou
Carlota com entusiasmo apontando para as que queria.
-As de morango são 5 cêntimos, as de
cola são 10 cêntimos e as de mentol são 15-respondeu a senhora.
-Eu quero duas de morango e uma de
mentol-disse o Tiago.
-Eu quero duas de cola e uma de
mentol-disse a Carlota.
-Eu quero duas de morango, uma de
mentol e duas de cola e espero que 1€ chegue, não temos mais dinheiro-murmurou
JP.
-Hmm, as gomas custam 1€, meus
meninos-disse a velha senhora.
-Espera aí, Tiago empresta-me o
caderno-pediu Carlota.
Então temos a seguinte expressão
numérica,
(5+5+15)+(10+10+15)+(5+5+15+10+10)=25+35+45=105
-Ou seja, estamos a pagar menos?-perguntou
JP.
-Exatamente-disse Carlota com
orgulho.
-Neste momento nós estávamos prestes
a pagar menos e tu vens dizer para pagarmos mais?- irrita-se JP.
-Sim, talvez… Mas…-tentou justificar
Carlota.
-Meus meninos, eu estava só a ser
simpática porque vocês só tinham 1€ e não queria que ficassem sem as gomas por causa
de uns míseros 5 cêntimos-explicou a senhora.
-Obrigado-disseram os amigos em
uníssono.
Depois de saborearem as gomas e apreciarem
o dia, os três voltaram para casa, para tranquilamente aproveitarem a sua
última noite de sono no Algarve.
No dia seguinte, Tiago acordou e começou
a gritar com os amigos para se despacharem e fazerem rapidamente as malas. Se não
fosse assim então não teria tempo de fazer a última equação algarvia.
Arrumações feitas, o silêncio fazia
perceber que faltava coragem a todos para saírem daquele sítio maravilhoso...
Animado, o Tiago disse:
-Temos que concordar amigos, estas
férias foram fantásticas, mas foram também muito matemáticas! Vamos repetir?
Todos concordaram em uníssono de forma
ensurdecedora:
-Siiiiim!
Bernardo Pinho e Maria Inês Lourenço 6ºA
(Concurso "Um Conto que Contas" - Sociedade Portuguesa de Matemática)
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