terça-feira, 17 de março de 2015

Uma aventura na gruta perdida da Humildelândia


Gabriel e Joel nadam de forma estranha nas entranhas do mar, enquanto a Mimi e a Carlota se estendem ao sol a rir e a ver revistas de fofocas.

No meio daquela diversão de verão em Portugal, algo chama a atenção de Joel, parece ser uma espécie de gruta subaquática.

- Ei pessoal! Venham cá. – Diz o Joel a tremer e a engolir em seco, mas a tentar não mostrar que é bastante medroso. Quando os outros chegam as suas bocas abrem de admiração como caixas de tesouros.

Mimi e Carlota desatam aos saltos e aos gritos, o que chama a atenção das outras pessoas e provoca gargalhadas dos amigos.

Aquela gruta prometia… mas ficava longe da costa. Todos concordam em ir, menos Joel que é o mais cauteloso. Decide negociar.

- Eu vou, mas têm de me prometer que quando voltarmos me dão dois hambúrgueres, três pacotes de bolachas de chocolate e um cachorro quente com mostarda, ketchup e maionese.

- Tudo bem. Mas e se não voltarmos… - dizem a Mimi, a Carlota e o Gabriel para assustarem o amigo.

- Olha os engraçadinhos. Hê, hê, hê. – diz o Joel aborrecido por fazerem troça dele.

Mergulham e entram na gruta onde se respira lindamente. Os amigos  riam-se com risadas nervosas e curtas, por se estarem a aventurar num mundo longínquo.

Depois de andarem deparam-se com dois caminhos sinalizados: HUMILDELÂNDIA e COVIL DA COBRA COM BRAÇOS E GARRAS DE URSO.

Gabriel, que é o mais esperto daquele grupo pacato que metia o nariz em tudo, repara que as setas movem-se com uma simples corrente de ar.

- Eeestamos ppperdidos – dizem a Carlota e a Mimi a gaguejarem e a falarem em uníssono, coisa que faziam sempre.

- Tenham calma, o importante é ter calma, muita calma…- diz o Gabriel para tentar tranquilizar os ânimos de todos, incluindo o seu. E grita: 

- Eureka!

Todos se riem e perguntam como é que ele descobriu. O amigo explica tudo em contas matemáticas o que faz adormecer todos os outros, especialmente o Joel  que preferia uma boa partida de futebol a uma  aula de matemática secante e sonolenta.

Vão pelo caminho que diz HUMILDELÂNDIA. Todos eles já tinham ouvido histórias sobre aquela terra perdida.

Andam horas e horas a desempenhar o papel de agentes secretos num caso excitante.

Chegam a uma única porta coberta por pedaços das mais variadas pedras preciosas: rubi, diamante, ametista, topázio, entre outras, com nomes esquisitos e psicadélicos que nem o Gabriel conseguia dizer.

Entram… e veem um mundo fantástico com pessoas iguais a eles. No entanto, há algo de diferente, aqueles seres humanos são muito mais humildes…

São recebidos atenciosamente pelo rei. Este satisfaz as curiosidades dos amigos. Os rapazes procuram um ginásio onde trocam inteligência muscular e as raparigas dirigem-se às lojas onde  adquirem adereços,  vestidos  e sapatos em troca  do seu vestuário.

Após algum tempo a socializarem com os humildelândios, que são muito simpáticos e prestáveis, Mimi, Carlota, Gabriel e  Joel  decidem ir embora,  mas com a certeza de jamais esquecerem  aquele povo.  Gente que partilha tudo, que dá o que tem e recebe em troca o que necessita para ser feliz. Os humildelândios são de facto diferentes… transformam a riqueza material que possuem em valores espirituais. Ninguém se perde…

Saem muito felizes, menos Mimi, pois tinha conseguido uma foto assinada de um modelo muito giro e musculado, que não largava por nada.

Mas agora há outro problema. Saber qual o caminho de volta. Os quatro amigos de longa data não sabem o que fazer, parece que foram alvo de uma lavagem cerebral…

Gabriel tem uma ideia: - Já sei! Vamos deitar o nosso destino à sorte.

Os amigos olham-lhe com ar reprovador e ele encolhe os ombros e fica corado.

Lá vão por um dos caminhos, que por sorte é o correto. Ao sair da gruta,  a luz do sol ofusca-os, pois já não estavam habituados. Saem de um outro mundo…

Estão ansiosos por contar a todos. Mas quem conta uma história acrescenta-lhe  pormenores e,  na cabeça de todos,  os detalhes eram diferentes: as raparigas dizem que  os rapazes eram giros e atenciosos, o Joel conta que  jogou  futebol com o Messi  e com o Ronaldo, que estavam de passagem naquele local, e Gabriel foi apresentado ao primo de  Einstein.  É claro que os ouvintes não foram na conversa. Mas com atenção  registam as características daquele povo que podia ser o nosso.

Bem, isto sim foi uma aventura!!! - repetem sem parar os quatro amigos,  enquanto os rapazes nadam e as raparigas  leem revistas cor-de-rosa.

 

Filipe Cruz – 5ºA  (Concurso "Uma Aventura Literária 2015" da Ed. Caminho)

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