Gabriel e Joel nadam
de forma estranha nas entranhas do mar, enquanto a Mimi e a Carlota se estendem
ao sol a rir e a ver revistas de fofocas.
No meio daquela
diversão de verão em Portugal, algo chama a atenção de Joel, parece ser uma
espécie de gruta subaquática.
- Ei pessoal! Venham
cá. – Diz o Joel a tremer e a engolir em seco, mas a tentar não mostrar que é
bastante medroso. Quando os outros chegam as suas bocas abrem de admiração como
caixas de tesouros.
Mimi e Carlota desatam
aos saltos e aos gritos, o que chama a atenção das outras pessoas e provoca gargalhadas
dos amigos.
Aquela gruta prometia…
mas ficava longe da costa. Todos concordam em ir, menos Joel que é o mais cauteloso.
Decide negociar.
- Eu vou, mas têm de
me prometer que quando voltarmos me dão dois hambúrgueres, três pacotes de
bolachas de chocolate e um cachorro quente com mostarda, ketchup e maionese.
- Tudo bem. Mas e se
não voltarmos… - dizem a Mimi, a Carlota e o Gabriel para assustarem o amigo.
- Olha os engraçadinhos.
Hê, hê, hê. – diz o Joel aborrecido por fazerem troça dele.
Mergulham e entram na
gruta onde se respira lindamente. Os amigos riam-se com risadas nervosas e curtas, por se
estarem a aventurar num mundo longínquo.
Depois de andarem deparam-se
com dois caminhos sinalizados: HUMILDELÂNDIA e COVIL DA COBRA COM BRAÇOS E
GARRAS DE URSO.
Gabriel, que é o mais
esperto daquele grupo pacato que metia o nariz em tudo, repara que as setas
movem-se com uma simples corrente de ar.
- Eeestamos ppperdidos
– dizem a Carlota e a Mimi a gaguejarem e a falarem em uníssono, coisa que
faziam sempre.
- Tenham calma, o importante
é ter calma, muita calma…- diz o Gabriel para tentar tranquilizar os ânimos de
todos, incluindo o seu. E grita:
- Eureka!
Todos se riem e
perguntam como é que ele descobriu. O amigo explica tudo em contas matemáticas o
que faz adormecer todos os outros, especialmente o Joel que preferia uma boa partida de futebol a uma aula de matemática secante e sonolenta.
Vão pelo caminho que
diz HUMILDELÂNDIA. Todos eles já tinham ouvido histórias sobre aquela terra
perdida.
Andam horas e horas a
desempenhar o papel de agentes secretos num caso excitante.
Chegam a uma única
porta coberta por pedaços das mais variadas pedras preciosas: rubi, diamante,
ametista, topázio, entre outras, com nomes esquisitos e psicadélicos que nem o
Gabriel conseguia dizer.
Entram… e veem um
mundo fantástico com pessoas iguais a eles. No entanto, há algo de diferente,
aqueles seres humanos são muito mais humildes…
São recebidos
atenciosamente pelo rei. Este satisfaz as curiosidades dos amigos. Os rapazes procuram
um ginásio onde trocam inteligência muscular e as raparigas dirigem-se às lojas
onde adquirem adereços, vestidos
e sapatos em troca do seu
vestuário.
Após algum tempo a
socializarem com os humildelândios, que são muito simpáticos e prestáveis,
Mimi, Carlota, Gabriel e Joel decidem ir embora, mas com a certeza de jamais esquecerem aquele povo.
Gente que partilha tudo, que dá o que tem e recebe em troca o que
necessita para ser feliz. Os humildelândios são de facto diferentes… transformam
a riqueza material que possuem em valores espirituais. Ninguém se perde…
Saem muito felizes, menos
Mimi, pois tinha conseguido uma foto assinada de um modelo muito giro e
musculado, que não largava por nada.
Mas agora há outro
problema. Saber qual o caminho de volta. Os quatro amigos de longa data não
sabem o que fazer, parece que foram alvo de uma lavagem cerebral…
Gabriel tem uma ideia:
- Já sei! Vamos deitar o nosso destino à sorte.
Os amigos olham-lhe
com ar reprovador e ele encolhe os ombros e fica corado.
Lá vão por um dos
caminhos, que por sorte é o correto. Ao sair da gruta, a luz do sol ofusca-os, pois já não estavam
habituados. Saem de um outro mundo…
Estão ansiosos por
contar a todos. Mas quem conta uma história acrescenta-lhe pormenores e, na cabeça de todos, os detalhes eram diferentes: as raparigas
dizem que os rapazes eram giros e
atenciosos, o Joel conta que jogou futebol com o Messi e com o Ronaldo, que estavam de passagem
naquele local, e Gabriel foi apresentado ao primo de Einstein. É claro que os ouvintes não foram na conversa.
Mas com atenção registam as
características daquele povo que podia ser o nosso.
Bem, isto sim foi uma
aventura!!! - repetem sem parar os quatro amigos, enquanto os rapazes nadam e as raparigas leem revistas cor-de-rosa.
Filipe Cruz – 5ºA (Concurso "Uma Aventura Literária 2015" da Ed. Caminho)
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