Tu.
Eu. Éramos apenas tu e
eu. E a barreira impiedosa que nos separava. Essa, que foi criada por nossa
vida errante que permitiu inconscientemente, que as incansáveis ilusões se libertassem
do seu corpo intensamente persuasivo e nos entregassem à luz da Realidade: dura,
nua e crua.
E
a culpa fora somente do amor, dessa loucura a que o ser humano se une. Pelo
outro. Por ti. Por aquele momento letal ao qual o meu corpo frágil ainda se
incomoda, esse momento em que o cruel fogo da mediocridade, consumiu a tua alma
e a tua razão real de existência. Tal como
possuiu, nesse mesmo instante, a minha alma que para sempre se considerará incompleta, sedenta
da tua essência pura.
E
nesse preciso espaço de tempo, no qual
as rugas que dolorosamente rasgam minha inútil
pele se deixaram desvanecer e abrir esse secreto e puramente misterioso Portal
do Sonho, te revejo tal como quando nos encontramos neste solo que abriga
nossos seres: O teu cabelo doce balanceando no ar infinito e os teus olhos
cristalinos revelando a tua beleza intensa.
E
nós. E a nossa vida.
Apenas a dor imensa nela sobreviverá,
essa traidora dor que tudo impede, tudo impossibilita. A realidade de jamais te
sentir de novo, de te amar como outrora te amava, te criava como musa, te
idolatrava. Nada permitiria que o sonho terminasse, que a vida se deixasse
continuar, que a frieza da barreira inamovível
revelasse alguma honestidade algum poder sobre o meu coração gélido e cristalizado
pelo tempo, pela fraqueza que se verificou no meu ser, pela solidão em que de mim
fugiste, tal como um jogo inacabado sem qualquer fundamento. Porque te amo
realmente, porque permiti que a minha vida se guiasse pelo teu mundo sincero e único, porque me
apaixonei pelo teu ser, pela tua singela criação, pelo teu aconchego.
E
apenas o Despertar me retirou da Dor Constante em que eu e a imagem que recriei
de ti nos encontrávamos.
Acompanhado
unicamente pela solidão, acordo então nesta cave
medonha e escura, onde finalmente me apercebo que devo assumir a realidade que
me impuseste por tua partida. A escuridão
que aqui reina, nunca será tão negra quanto o
vazio que deixaste no meu interior onde se aloja este penoso sofrimento... Por ti.
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